A primeira mesa de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi realizada nesta quarta-feira (26). A reunião, que marca o início da Campanha Nacional 2024, teve como foco as discussões sobre emprego e tecnologia, temas essenciais para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho.
Lourival Rodrigues, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas, representou a Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) no encontro. “É fundamental que as negociações abordem não apenas os impactos imediatos da terceirização e pejotização, mas também as consequências de longo prazo para a qualidade do atendimento bancário e para a segurança dos trabalhadores. Estamos aqui para garantir que os direitos dos bancários sejam preservados e respeitados”, afirmou Rodrigues.
As principais questões abordadas incluíram a terceirização, citando especificamente o caso do Santander, e a pejotização como formas de burlar o trabalho bancário. O Comando também propôs à Fenaban a assinatura de um pré-acordo para garantir a ultratividade, e cobrou o retorno das homologações de rescisões contratuais aos sindicatos. A mesa também discutiu o impacto da inteligência artificial no emprego bancário.
Em resposta, a Fenaban afirmou que levará as demandas apresentadas aos bancos para análise.
A próxima mesa de negociação está marcada para o dia 2 de julho e abordará as Cláusulas Sociais.
David Zaia, presidente da Feeb SP/MS, destacou a importância do processo:
“Nossa expectativa é que a negociação seja conduzida de forma eficiente, rápida, mas com tempo adequado para discutir todas as nossas reivindicações. Que possamos concluir com uma convenção que respeite os bancários, que garanta os seus direitos, a realidade para todos os trabalhadores e, acima de tudo, que faça justiça à importância do trabalho dos bancários”, concluiu.
Dados apresentados
Durante a primeira negociação o Comando Nacional ressaltou dados da RAIS (base de dados estatísticos, organizados pelo Ministério do Trabalho e Previdência), entre 2012 e 2022, que demonstra que a categoria bancária saiu de 513 mil pessoas para 433 mil, ou seja, uma redução de 16% (79,5 mil). No mesmo período, as demais categorias do ramo financeiro aumentaram em 72% os postos de trabalho, passando de 323 mil para 555 mil.
Nos últimos cinco anos as pequenas cidades ficaram desassistidas do serviço bancário e foram impactadas com o fechamento das 3 mil agências bancárias no total. O Comando Nacional também destacou a informação apontada na Consulta Nacional deste ano, que demonstra que a principal preocupação para 68% dos trabalhadores dos bancos privados é com a garantia do emprego.
A Fenaban alegou que as vagas de emprego dependem de crescimento econômico. O Comando, então, propôs a assinatura de uma carta conjunta para cobrarem do Banco Central a redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em um percentual que faz com que o Brasil tenha um dos maiores juros reais do mundo, comprometendo o desenvolvimento do setor produtivo e a criação de empregos.
Terceirização
Com base em levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Comando apontou também que, em 2023, os bancos aumentaram em 22% a contratação de profissionais de TI, porém, no mesmo ano, houve um aumento de 89% de profissionais terceirizados nesta mesma área. Os representantes dos trabalhadores destacaram o caso do Santander, que vem substituindo bancários por contratados PJ, com salários de R$ 1.500, além de uma remuneração variável. Esses mesmos funcionários têm acesso ao sistema do banco e atendem aos clientes, sendo que, em alguns lugares, há relatos de que chegam a realizar cinco visitas ao dia.
Manifestação
Durante a reunião, bancários de todo o país se mobilizaram nas redes sociais com a hashtag #JuntosPorEmprego, resultando em mais de 136 mil reações e alcançando o 1º lugar nos tópicos mais comentados da rede X (ex-Twitter) no Brasil.
Minuta
A minuta de reivindicações foi apresentada pelo Comando Nacional à Fenaban na última terça-feira (18). O documento passou por diversas etapas, incluindo conferências regionais e estaduais, a Consulta Nacional dos Bancários e a aprovação final na 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, com aprovação de mais de 95% dos votantes.
A minuta de reivindicações para a Campanha Nacional 2024 inclui nove eixos principais:
– Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos
– Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas
– Representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro
– Defesa dos empregos, considerando os avanços tecnológicos no trabalho bancário
– Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda
– Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR
– Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva
– Ampliação da sindicalização
– Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com as pautas dos trabalhadores
Calendário de negociação:
Os próximos temas a serem discutidos incluem emprego, cláusulas sociais, igualdade de oportunidades, saúde e condições de trabalho, e cláusulas econômicas.
Julho
2/07 – Cláusulas sociais
11/07 – Igualdade de oportunidades
18 e 26/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição
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