Campanha Nacional: Bancários negociam Cláusulas Econômicas com os Bancos

Debate teve ênfase para alta rentabilidade dos bancos e inflação no País

O Comando Nacional dos Bancários se reuniu nesta quarta-feira (03) com a Federação Nacional dos Bancos para a primeira negociação sobre a pauta Cláusulas Econômicas. Entre as principais demandas da categoria está a reposição da inflação, com de aumento real de 5%, além de ajuste para os vales refeição e alimentação.

Em resposta, os bancos afirmaram dificuldade para aumento maior do VA e VR porque o governo alega que os bancos usam os vales para aumentar a remuneração da categoria sem que haja possibilidade de tributar os valores.

No decorrer da reunião, os representantes dos bancários enfatizaram a alta rentabilidade dos bancos nos últimos anos e a inflação no País. Dados elaborados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese) foram apresentados.

“Foi um debate rico em estudos apresentados pela categoria que demonstram que o movimento sindical está alicerçado com dados e informações fundamentais para a negociação”, explica Reginaldo Breda, secretário geral da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Apesar da argumentação e dos estudos apresentados, os bancos protelaram respostas e as negociações continuam na próxima segunda-feira (8).

Inflação

Conforme apresentação do DIEESE,  na última data base da categoria bancária o INPC foi de 10,42% e desde então o índice acumulado vem aumentando, principalmente com o impacto de combustíveis e alimentos.  Com relação à inflação dos alimentos, a cesta básica tem uma variação de 24% em um ano, 50% desde o início da pandemia e 77% desde o início do governo Bolsonaro. Para o PRONCON, a compra de uma cesta básica com produtos de higiene e limpeza totaliza um gasto de R$1.251,00. Já o vale alimentação dos bancários é de R$ 644,00. “Podemos ver um valor maior que o salário mínimo e 94% acima do auxílio alimentação da categoria bancária, ou seja, com o valor pago à categoria não é possível comprar uma cesta básica”, explica o representante da Feeb SP/MS.

Rentabilidade dos bancos

O Comando Nacional pontuou, também, o lucro líquido dos maiores bancos do Brasil, que apresentaram crescimento de 190% acima da inflação entre 2003 e 2021.

Na comparação entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022 é possível verificar um crescimento de 15,4% nos lucros dos cinco maiores bancos do país, chegando a R$ 27,6 bilhões.

Com exceção da Vale e da Petrobras, os bancos foram o setor econômico com maior lucro líquido entre as empresas de capital aberto em 2021. Em 2021, a rentabilidade dos maiores bancos no Brasil ficou quase cinco pontos percentuais acima da rentabilidade dos maiores bancos dos Estados Unidos.

“Mesmo com a alta lucratividade e um quadro crítico de inflação instalada no país, os bancos insistem em assolar, tanto bancários como a população. Os números mostram que o endividamento das famílias chegou a 52,6% da renda acumulada em 12 meses e o comprometimento mensal da renda com o serviço da dívida com o setor financeiro chegou a 27,9%. É uma situação no mínimo desumana e sem o menor sentido”, reflete Breda.

Massa salarial

Durante a negociação, também foi demonstrado o resultado da redução do emprego da categoria, que levou a uma queda na massa salarial real do setor de 20% desde 2014. Dados mostram que a remuneração per capita anual da diretoria executiva média de quatro bancos é de R$ 8,9 milhões/diretor. O valor excede 132 vezes a remuneração anual da função de escriturário. Foi enfatizada, ainda, a disparidade na remuneração comparada ao lucro líquido dos bancos, que pontuou que enquanto a remuneração média real dos bancários subiu 12%, o líquido real dos bancos subiu 222%.

“Se observarmos o histórico de aumentos reais garantidos pela CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) da categoria veremos que a soma chega a 23% de aumento real entre 2004 e 2019, mas quando olhamos a base de dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), a remuneração média dos bancários subiu 12% em termos reais. Este descompasso mostra que os reajustes da categoria não foram de fato incorporados aos seus salários”, explicou o economista Gustavo Cavarzan, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Negociações

Na reunião desta quarta-feira foram tratadas todas as cláusulas econômicas da minuta, exceto as relacionadas à Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e remuneração variável, que entrarão em pauta na próxima reunião prevista para segunda-feira (8). (Veja aqui a minuta-da-pauta-de-reivindicacoes).

Fonte: Feeb/SP-MS

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